Estiagem na região central: prejuízos ultrapassam R$ 1,2 bilhão
- 12/01/2023
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As chuvas escassas e espaçadas nos municípios da Região Central já resultam em R$ 1,226 bilhão em prejuízos econômicos na agricultura e na pecuária. Os números foram contabilizados e atualizados nesta terça-feira pela Emater. A maior afetada é a cultura de soja, principal grão da região com área plantada de 1 milhão de hectares, em que os danos já passam de R$ 1 bilhão.
Logo na sequência de perdas estão as plantações de arroz e milho e as pecuárias de leite e de corte, esta última, com dificuldade na manutenção da alimentação dos animais, fazendo os agricultores recorrerem à suplementação. Na manhã desta quarta-feira, Itaara completou a lista dos municípios que decretaram situação de emergência devido à estiagem e, agora, a região chega a 22.
– Nós estamos em uma situação de estiagem, e ela evoluí constantemente, dia a dia. Além dos prejuízos econômicos, também temos muitos prejuízos sociais. São inúmeras famílias do interior que estão sendo abastecidas com água com o apoio das prefeituras, da Defesa Civil e do governo do Estado, e a Emater trabalha em conjunto constantemente – informa Guilherme Passamani, gerente regional da Emater.
Prejuízos econômicos na Região:
- Soja: cerca de R$ 1 bilhão
- Arroz: cerca de R$ 45,648 milhões
- Milho: cerca de R$ 164 milhões
- Pecuária de leite: cerca de R$ 8 milhões
* Segundo dados atualizados nesta terça-feira (10) pela Emater/RS
A pouca precipitação também influencia no nível dos rios. De acordo com dados repassados pela Corsan, as duas barragens que abastecem Santa Maria estão abaixo do nível considerado normal. A barragem do DNOS, no Bairro Campestre Menino Deus, está 2,8 metros abaixo do vertedouro, e a Rodolfo da Costa e Silva, 3,2 metros abaixo do nível normal.
Em Itaara, na propriedade de Celso Ferrigolo, 67 anos, o cultivo da soja já está 50% atingido nos 30 hectares totais plantados. A expectativa, nessa época do ano, era de que as plantas estivessem com ao menos um metro de altura, mas todas estão com menos da metade disso. Segundo a previsão do agricultor, o cultivo deverá render 30 sacas, das 65 esperadas. Para ele, está é a pior estiagem desde os anos de 1960, e o principal vilão é a falta de chuva.
– As vagens foram abortadas, mesmo chovendo, a planta não tem potencial para 50%. Ela já está se comportando pior do que no ano passado. É só chuva que nos falta, temos tecnologia aplicada, mas a parte de São Pedro, que era a irrigação, não foi feita – brinca.
Municípios da Região Central que decretaram emergência:
- Agudo
- Cruz Alta
- Dilermando de Aguiar
- Faxinal do Soturno
- Itaara
- Jaguari
- Jari
- Júlio de castilhos
- Mata
- Nova Esperança do Sul
- Nova Palma
- Paraíso do Sul
- Quevedos
- Restinga Sêca
- Santa Maria
- Santa Margarida do Sul
- São Francisco de Assis
- São Gabriel
- São João do Polêsine
- São Martinho da Serras
- Toropi
- Tupanciretã
Ações de reabastecimento tentam conter os dados
Santa Maria
Na primeira semana de janeiro, cerca de 326 mil litros de água foram distribuídos pela Defesa Civil a mais de 1,1 mil moradores de Santa Maria. Diariamente, a equipe segue um cronograma de abastecimento, e, no total, 147 pontos já foram beneficiados, abrangendo 385 famílias.
Em 2022, a Defesa Civil contribuiu com 7,44 milhões de litros de água. Em 2021, foram 2,1 milhões de litros, e, em 2020, haviam sido pouco mais de 1 milhão de litros.
Distritos – quantidade em Litros distribuída
- Arroio do Só: 12 mil
- Arroio Grande: 28 mil
- Boca do Monte: 29 mil
- Pains: 70,5 mil
- Palma: 3 mil
- Passo do Verde: 90 mil
- Santa Flora: 16 mil
- Santo Antão: 9 mil
- São Valentim: 28,5 mil
Bairros – quantidade em Litros distribuída
- Camobi: 20 mil
- Campestre: 6 mil
- Cerrito: 2 mil
- Itararé: 6 mil
- Pé-de-Plátano: 5 mil
- Pinheiro Machado: 1 mil
Para amenizar a falta de água nas comunidades e em bairros do município, as famílias podem solicitar o encaminhamento pelos números: (55) 3222-5192 ou (55) 99110-7940 (WhatsApp).
Jaguari
Em Jaguari, a estimativa de prejuízo já chega a R$ 45 milhões na agricultura e na pecuária. Os maiores impactos são na cultura do milho, com perda de 70% na produtividade, sendo que ao menos metade do estimado ainda não foi cultivado. A soja, cultura que representa grande porte para o Jaguari, ainda está na fase inicial, e acumula prejuízo de 25%.
De acordo com o prefeito, Roberto Turchiello, o município faz ações de distribuição de água para consumo humano e ao menos 51 famílias do Interior já foram atendidas. A plantação de fumo também foi atingida.
– Nosso município é de porte pequeno e a economia é baseada na agricultura. Nós termos duas estiagens seguidas traz, primeiro, prejuízo para o produtor, ele é o primeiro a sofrer, pois sua subsistência também vem da agricultura. O comércio também sofre, pois depende de uma agricultura forte, e, em terceiro lugar, o município também é atingido – explica o prefeito.
Cruz Alta
A prefeitura realiza ações constantes de abastecimento de água junto à Defesa Civil. Desde novembro já foram fornecidos mais de 120 mil litros de água para consumo humano e de animais. A safra de milho sequeiro já está comprometida, e as perdas chegam a 50%, conforme levantamento feito pelo Sindicato Rural.
Paraíso do Sul
O município decretou situação de emergência na última sexta-feira (6). Devido à falta de chuvas nos últimos meses, a cidade está com falta de água potável para consumo humano e animal. A Defesa Civil de Paraíso do Sul realiza um levantamento para contabilizar as perdas na agricultura.
Dilermando de Aguiar
A situação de emergência foi decretada na última sexta-feira (6). No município, o prejuízo em função da estiagem chega a R$ 20 milhões. A falta de água também ocasiona perdas nas lavouras de soja e de milho e dificulta a criação de gado de corte e leiteiro, de ovinos e caprinos.
Quevedos
Em Quevedos, a estiagem já causa perdas na produção agrícola e redução de água potável para consumo humano e animal. Várias famílias foram atendidas em regime de urgência pela prefeitura. O município também decretou situação de emergência na última sexta-feira (6).
Santa Margarida do Sul
O déficit hídrico no município é observado desde agosto de 2022 na cidade, agravando-se nos meses seguintes. Existem prejuízos nas plantações e criações, diminuição no volume de água dos arroios e rios, mortes de peixes, perdas na produção agrícola e aumento de ocorrência de incêndios de silvicultura. A situação de emergência foi decretada no início de janeiro.
São Francisco de Assis
São Francisco de Assis decretou situação de emergência na última segunda-feira (9). O baixo volume de precipitações gerou um déficit hídrico de 490mm no município. Os danos atingem os setores agropecuário e econômico, causando perda de produtividade, atraso no início do ciclo produtivo e dificuldade na criação de animais.
Fonte: Diário de SM
Foto: Reprodução